domingo, 22 de março de 2009

PEDAGOGIA QUILOMBOLA


A CONSTRUÇÃO DA PEDAGOGIA QUILOMBOLA

Autor: Flavio Jose dos Passos

Em Vitória da Conquista, BA, no que se refere à educação oferecida em escolas municipais localizadas e/ou que atendem cerca de 1.340 crianças de 24 comunidades quilombolas já reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares, foi criado o Núcleo IV (Quilombolas) das Escolas Nucleadas, com a portaria n. 34/2007, de 22 de Fevereiro de 2007, assinada pela secretária de Educação, professora Ester Maria de Figueiredo Souza.

Já em novembro de 2006, foi realizado o I Encontro das/os professoras/es das escolas localizadas em comunidades quilombolas, iniciando uma reflexão sobre a construção da pedagogia quilombola, com o objetivo de, segundo a secretária municipal de Educação, “pensar caminhos de um fazer pedagógico e práticas educativas emancipatórias possíveis”.

Em 2007, além das periódicas visitas pedagógicas às escolas e comunidades quilombolas por parte dos integrantes do Núcleo de Educação para a Diversidade – do qual faço parte juntamente com 02 coordenadores pedagógicos da SMED – e da direção das Escolas Nucleadas, já ocorreram 02 grandes cursos de formação destinados aos/às professores/as que atuam nas escolas de comunidades quilombolas.

Num total de quatro etapas, o curso de “Educação Quilombola em Conquista” tem como principais abordagens os aspectos históricos da presença africana na conjuntura nacional (grandes reinos africanos, tráfico e escravidão), aspectos relacionados à resistência à escravidão (o fenômeno dos quilombos na Diáspora: de Palmares aos Quilombos de Vitória da Conquista), a herança cultural afro-brasileira (africanidades e o legado cultural afro-brasileiro), e, principalmente, aspectos relacionados à construção pedagógica quilombola (oficinas pedagógicas de contação de história, contos e mitos africanos e afro-brasileiros, macramé, capoeira, dança afro, jogos africanos, cultura quilombola, etc.).

O MEC, compreendendo que a política da ação afirmativa exige uma ação integral, já destina para as escolas de comunidades quilombolas com auto-reconhecimento, a merenda escolar em dose dobrada para cada criança, o que já tem favorecido um melhor desempenho escolar, um repensar a nutrição a partir do que a própria comunidade produz e da sua própria cultura alimentar.

Acreditamos que estas ações são fundamentais no resgate da identidade e da auto-estima quilombola, além de construir uma pedagogia que seja o desenvolver de uma postura etnográfica do educador em identificar, no dia a dia da comunidade, uma dinâmica interna de valores e saberes “da porteira pra dentro” em diálogo com valores e saberes “da porteira pra fora” (Luz, 2000, p. 60).

Flávio José dos Passos
QUILOMBOLAS E A REFLEXÃO SOBRE
AÇÕES AFIRMATIVAS NA UESB

Nenhum comentário:

Postar um comentário