quinta-feira, 19 de março de 2009

EDUCAÇÃO INDÍGENA EM DEBATE

Indígenas debatem Educação Escolar Indígena em Salvador

No período de 10 a 13 de março de 2009, aconteceu a Conferência Regional de Educação Escolar Indígena, em Salvador (BA), onde representantes de 29 povos de Alagoas, Sergipe e Bahia elaboraram propostas para a área. No evento, foram eleitos 18 delegados indígenas e nove delegados ligados a instituições para participar da Conferência Nacional sobre o tema que ocorrerá, de 21 a 26 de setembro, em Brasília.

Nos três primeiros dias do encontro os cerca de 140 indígenas, 60 integrantes de organizações ou universidades e os 40 convidados discutiram em painéis e grupos de debates os eixos propostos para a Conferência Nacional: educação e territorialidade; políticas pedagógicas da escola; ciência pedagógica e a pedagogia indígena (modos de vida e transmissão de conhecimentos); políticas, gestão e financiamento da educação (regime de colaboração entre União, estados e municípios); participação e controle social dos recursos das escolas; definição de novas diretrizes da educação escolar indígena (modalidades e níveis de ensino).

Os participantes aprovaram um documento com as propostas da região que serão levadas à Conferência Nacional. Uma das reivindicações do documento trata da contratação dos docentes. A troca de professores a cada dois anos, quando vencem os contratos temporários, é um dos principais problemas dos povos dos três estados.

Em relação ao tema, o secretário de Educação da Bahia, Adeum Sauer, declarou, na abertura da conferência regional, que enviará à Assembléia Legislativa da Bahia um projeto de lei que cria a carreira do professor indígena no estado. Reivindicação histórica dos professores indígenas, a notícia foi bem recebida pelo professor Reginado Pataxó Hã-hã-hãe. “A gente sabe que para o projeto ser aprovado é preciso pressão do movimento indígena e também que os índios mostrem como é a realidade dos nossos educadores”.

Outro tema muito debatido foram as práticas pedagógicas indígenas. “A nossa prática tem que considerar a vivência do povo e se voltar para a autonomia da comunidade. O professor tem que fazer a leitura do mundo sem esquecer o que ele já traz como experiência”, falou Núbia Tupinambá, coordenadora indígena da Diretoria Regional de Ensino da Secretaria de Educação da Bahia. Nesse sentido, a territorialidade constitui um fator indissociável da prática pedagógica. “Além da demarcação da terra, a territorialidade significa a história do povo, os ensinamentos dos antepassados, os valores, a vida”, completou.


Fonte: CIMI
13/03/2009

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