domingo, 26 de outubro de 2008

EDUCAÇÃO DE ESPECIAIS NA BAHIA

PARTE I


Em 1996, um grupo de psicopedagogas da Bahia se reuniu e criou a Associação Brasileira de Psicopedagogia – SEÇÃO BAHIA. Resultado de uma luta histórica que teve início em 1964, com a inauguração do Instituto Psicopedagógico da Bahia, destinado a promover a educação do excepcional por deficiência mental. Em 1967, o Instituto Pestalozzi da Bahia é reinaugurado com uma estrutura duas Coordenações, uma Geral e Administrativa e uma Psicopedagogica.

No início da década de 70 foi criada a Divisão de Assistência Psicopedagógica no então Departamento de Ensino de Primeiro Grau da Secretaria da Educação do Estado da Bahia. Em 1974, é extinta o Instituto Psicopedagógico da Bahia, surgindo o primeiro Consultório de Psicopedagogia com a finalidade do atendimento individual de crianças portadoras de deficiência e crianças com dificuldades específicas de aprendizagem.

Em 1987, as práticas psicopedagógicas espontâneas e auto-didatas que surgiram até aquele momento começaram a ser legitimados com formação da primeira psicopedagoga baiana através de uma pós-graduação Latu Sensu na Faculdade São Marcos, hoje Universidade São Marcos, em São Paulo.

A partir da primeira metade da década de 90, a formação de psicopedagogos na Bahia foi ampliada com o surgimento dos primeiros cursos de psicopedagogia promovido pelo Centro Psicopedagógico Vocacional e de Recursos Humanos; pelo Centro de Estudos e Terapias Integradas de Salvador – CETIS, criado em 1992 e logo em seguida, pela Universidade Federal da Bahia – UFBa.

Em 1994, com a criação do Núcleo Bahia de Psicopedagogia, começa a formação de um movimento de organização dos psicopedagogos da Bahia, coordenado pelas psicopedagogas Tereza Cristina Lemos Marinho e Ana Maria Galvão. As experiências acumuladas nesta longa caminhada, animou um grupo de psicopedagogos a se reunir e requerer da Associação Brasileira de Psicopedagogia – Nacional, com sede em São Paulo, o reconhecimento do Núcleo Bahia, como SEÇÃO BAHIA.

Em 12 de setembro de 1996, foi declarada a criação da Associação Brasileira de Psicopedagogia – SEÇÃO BAHIA, tendo como primeira Presidente a Psicopedagoga Tereza Cristina Lemos Marinho, que presidiu de 1996 a 1998, seguida da Psicopedagoga Maria Auxiliadora de Azevedo Rabello que fez a segunda gestão de 1998 a 2001, a Terceira gestão de 2002 a2004, foi presidida pela Psicopedagoga Maria Angélica Moreira Rocha e a quarta gestão de 2005 a 2007, sob a presidência da Psicopedagoga Débora Silva de Castro Pereira.

Durante estes 12 anos a SEÇÃO BAHIA se fez presente na Associação Brasileira de Psicopedagogia – Nacional, com representatividade no Conselho Nacional de Psicopedagogia.
Maria Auxiliadora de Azevedo Rabello
Psicopedagoga

NAVARRO DE BRITO

LUIS AUGUSTO FRAGA NAVARRO DE BRITO
SECRETÁRIO DA EDUCAÇÃO
1967 – 1969
Autor: Fernando Paixão

Nasceu em 1935, Natural de São Felix, recôncavo baiano. Diplomou-se em Direito pela Universidade Federal da Bahia, no ano de 1891, ingressa na vida pública como Chefe de Gabinete do Secretário da Fazenda, Aliomar Baleiro e Foi Procurador do Estado, Chefe de Gabinete da Casa Civil da Presidência da Republica e Secretário de Educação e Cultura do Estado da Bahia. Nesta pasta fez realizar concurso publico para professor em moldes inéditos no país, com a avaliação pratica dos docentes.
Saindo do Brasil pressionado pelo regime militar, doutorou-se em direito Constitucional e Ciência Política na Universidade de Paris. Morre na rota aérea Paris-Nova Iorque de enfarte aos 51 anos em 1986.




sexta-feira, 24 de outubro de 2008

EDUCAÇÃO PROFISSIONALIZANTE I

PARTE I

O ensino industrial teve inicio oficialmente, no Brasil, com a criação das Escolas de Aprendizes e Artífices pelo Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, baseada em decreto do presidente Nilo Peçanha, de 1909. É uma medida que visava, não o desenvolvimento da indústria e das profissões mas, principalmente, reduzir os problemas sociais que a urbanização incipiente do país já trazia. De fato, em sua introdução, o decreto presidencial afirmava que "o aumento constante da população das cidades exige que se facilite às classes proletárias os meios de vencer as dificuldades sempre crescentes da luta pela existência", e que para isto era necessário "não só habilitar os filhos dos desfavorecidos da fortuna com o indispensável preparo técnico e profissional, como fazê-los adquirir hábitos de trabalho profícuo que os afastará da ociosidade ignorante, escola do vicio e do crime."
Pensadas como instituições beneficientes, as Escolas de Aprendizes e Artífices deveriam proporcionar assistência médico-dentária e ferramentas para seus alunos, e promover a eventual venda de seus trabalhos. Em 1910 já haviam sido instaladas 19 escolas em todo o país, com um total de 1.248 alunos efetivos. Diversas modificações foram feitas nos anos seguintes, destacando-se o trabalho da "comissão de remodelação" criada em 1921 pelo ministro Ildefonso simões Lopes, sob a direção de João Lauderitz, e a lei Fidelis Reis que tornava obrigatório o ensino profissional em todos os estabelecimentos de ensino primário e secundário, mas que não chega a ser implementada. Em 1923 é criada a Inspetoria do Ensino Profissional Técnico, em substituição à antiga Comissão de Remodelação; em 1934 a inspetoria é transformada em Superintendência do Ensino Industrial, que pela primeira vez previa a colaboração das associações industriais com as escolas profissionais; finalmente, a reforma do Ministério da Educação e Saúde, de 13 de janeiro de 1937, coloca esta atividade sob a responsabilidade de sua Divisão do Ensino Industrial do Departamento Nacional de Educação.
A Carta de 1937 mantém, em linhas gerais, a antiga destinação do ensino industrial:
o ensino pré-vocacional e profissional destinado às classes menos favorecidas é, em matéria de educação, o primeiro dever do Estado. Cumpre-lhe dar execução a este dever, fundando institutos de ensino profissional e subsidiando os de iniciativa dos estados, dos municípios e dos indivíduos ou associações profissionais.

A partir dai as antigas escolas de Aprendizes e Artífices são transformadas em liceus industriais, e um amplo programa de edificações é iniciado, com um orçamento de dez mil contos estabelecido especificamente para este fim em 1938. Em 1939 já havia cerca de sete mil alunos nestes estabelecimentos em todo o País.
Do início do século até o Estado Novo, portanto, o ensino industrial foi visto essencialmente como uma forma de educação caritativa, destinada a tirar os pobres da ociosidade, mas sem maior significação do ponto de vista econômico e social mais amplo. A partir da década de 1930 outras concepções começariam a emergir e a ganhar força, culminando em um intenso conflito de bastidores entre o Ministério da Educação e Saúde e o do Trabalho, Indústria e Comércio, que tinha por detrás, principalmente, a Federação Nacional da Indústria e a Federação das Indústrias de são Paulo. Do lado do Ministério da Educação, o que mais ressalta é a ausência dos setores mais militantes da Igreja Católica em toda esta questão. Preocupada com o ensino universitário, levantando a bandeira da formação clínica c humanística a nível secundário, defendendo a escola privada e o ensino religioso, a Igreja como que não percebe a importância deste aspecto do sistema educacional que estava sendo gestado e que teria como meta atingir a grande maioria da população do país.
Quem defende a perspectiva mais radical dentro do Ministério da Educação, e que seria em grande parte endossada por Capanema, é Rodolfo Fuchs, pessoa ligada profissionalmente ao ensino industrial e que teria participação ativa nas diversas comissões, grupos de trabalho e outras atividades de assessoria ao ministério para este assunto. Para ele, em documento elaborado ainda em 1935, o ensino industrial deveria ser obrigatório para todos, de forma tal que fosse eliminada, de vez, a "idiossincrasia do trabalho manual, industrial e agrícola" que lhe parecia ser um traço cultural brasileiro responsável pelas dificuldades do país. O sistema proposto é tão abrangente que o autor precisa afirmar, a certa altura, que "não pensamos em destruir a escola primária, mas criar, ao seu lado, a Escola Profissional Elementar." Além desta, seriam criadas escolas profissionais de nível médio, normal (para a formação de professores e mestres) e tudo culminaria com a Universidade do Trabalho. Todo este sistema de ensino deveria estar vinculado à exigência de diplomas para o exercício do trabalho profissional em todos os níveis, de forma tal que a passagem pelo ensino industrial se tornasse inevitável e obrigatória.

A TRAJETÓRIA DE KLEBER PACHECO

Nasceu em 16 de setembro de 1917, em Salvador, Bahia, filho de Vicente Pacheco de Oliveira e Beatriz Sales de Oliveira.
Fez o curso secundário no Ginásio São Salvador e superior na Faculdade de Direito da Bahia, onde se diplomou em Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, em 08 de dezembro de 1941.
Exerceu as funções de repórter, redator e secretario da redação nos jornais “O Imparcial” e “Estado da Bahia”, ambos em Salvador, no período de 1941 a 1970. Foi presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Bahia, no período de 1954 a 1956, e diretor da Associação Baiana de Imprensa nos biênios 1978/80, 1980/82 e 1982/84.
Em 1947 ingressou na Assembléia Legislativa da Bahia como Redator de Debates, Assessor de Técnica Legislativa, Chefe da Assessoria Técnica e Parlamentar e Diretor, na qualidade de substituto do titular.
De 1959 a 1961 esteve à disposição da Secretaria do Interior e Justiça, por solicitação do seu titular, professor Josaphat Marinho para organizar e publicar a coletânea das leis do Estado.
Foi Secretário de Educação e Cultura, no período de 14 de maio de 1974 a 15 de março de 1975, primeiro governo Antonio Carlos Magalhães, substituindo o Dr. Rômulo Galvão, que se afastou do cargo de Secretario para concorrer a Câmara de Deputados.
Foi pela segunda vez, Secretário de educação e Cultura, no período de 12 de fevereiro de 1982 e 15 de março de 1983, segundo governo Antonio Carlos Magalhães, substituindo Eraldo Tinoco, que se afastou do cargo de secretário para concorrer a Câmara dos Deputados.
Foi Conselheiro do Conselho Estadual de Educação no período de 1983 a 1987, governo João Durval, tendo sido, durante todo esse período, vice-presidente do Conselho e membro da Câmara de Educação Continuada e de Educação Especial e da Câmara de Direito Educacional.
Foi Secretário de Comunicação Social, no período de 15 de março de 1979 a 06 de maio de 1981, segundo governo Antonio Carlos Magalhães. Foi Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado da Bahia, no período de 07 de maio de 1981 a 12 de fevereiro de 1982, quando solicitou aposentadoria do serviço público. Foi Assessor Especial do Vice-Governador César Borges nos períodos, respectivamente, de 1995 a 1999 e de 1999 a 2003.
Foi condecorado pela Ordem do Mérito da Bahia no Grau de Grande Oficial por decreto do Governador do Estado, em 25 de fevereiro de 1983. Medalha do Mérito Ruy Barbosa, conferido pelo Tribunal de Contas do Estado da Bahia, em 03 de fevereiro de 1983. Medalha do Mérito Marechal Argolo – Visconde de Itaparica, por decreto do Governador do Estado, em 03 de fevereiro de 1981, por ter, como civil, prestado relevantes serviços a Policia Militar da Bahia. Medalha do Mérito Policial Militar, em 25 de fevereiro de 1983, por ter, no exercício de elevada função pública, realizado trabalho considerado relevante e digno a Policia Militar da Bahia.
Recebeu titulo honorário de Amigo da Marinha, conferido pelo Comandante do 2º Distrito Naval, em 07 de abril de 1978, em reconhecimento aos serviços prestados à Marinha de Guerra do Brasil.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

WILSON LINS

WILSON MASCARENHAS LINS DE ALBUQUERQUE
SECRETÁRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
1959 – 1962
Autor:Fernando Paixão
Nasceu em 25 de abril de 1919, Natural de Pilão Arcado-Ba. Escritor, Jornalista, Cursou o Secundário no Ginásio Carneiro Ribeiro e Colégio Ipiranga, Salvador-BA.Redator - chefe e diretor do jornal da familia O Imparcial; trabalhou no Diário de Notícias, Diário da Bahia e A Tarde; colaborador do Jornal da Bahia. No Rio de Janeiro, redator político e cronista do jornal O Mundo, 1948 e 1950, com uma crônica diária Pedra no Caminho; repórter da sucursal do jornal O Estado de São Paulo. De volta à Bahia, editou o semanário Amigo do Povo. Romancista, novelista, cronista e ensaísta, tinha como tema constante em suas obras o regionalismo, principalmente a região do São Francisco. Em 1967, eleito para a Academia de Letras da Bahia, ocupando a cadeira nº 38. Secretário de Educação e Cultura, 1959-1962; presidente do Conselho Estadual de Cultura, 1983.
Eleito deputado estadual pelo Partido Republicano - PR, 1951-1955, reeleito, PR, 1955-1959 e 1959-1963, reeleito pela União Democrática Nacional - UDN, 1963-1967 e pela Aliança Renovadora Nacional - ARENA, 1967-1971. Presidente das Comissões: Negócios Municipais (1956), Redação de Leis e Resoluções (1956, 1958), Redação, Revisão Legislativa e Leis Complementares (1967); titular das Comissões: Negócios Municipais (maio 1952-1955, 1957), Redação de Leis e Resoluções (1952-1955, 1957, 1963-1965), Agricultura (1954), Serviços Públicos (1954), Educação e Cultura (1963-jun.1964), Orçamento e Fiscalização Financeira (1965), Economia e Finanças (1966), Redação, Revisão Legislativa e Leis Complementares (1966-1968); suplente das Comissões: Educação, Cultura e Arte (1952), Saúde e Assistência Social (1952), Agricultura (1953), Serviço Público (1953), Finanças, Orçamento e Contas (1957), Negócios Municipais (1957), Constituição e Justiça (1963), Economia e Transportes (1964-1965), Serviços Públicos (1967, maio 1968-dez.1968). Em 17 de agosto de 1959, fundou as Classes Especializadas em Educação para deficientes auditivos Wilson Lins, hoje Escola Wilson Lins. Escreveu livros como: “Zaratustra Me Contou”, “Ensaios para Nietzsche”, “A infância e o Mundo”, “Tempos Escatológicos”, “O Médio São Francisco” e outros.

A TRAJETÓRIA DE ARISTIDES NOVIS


Nascido em 18 de junho de 1885, filho do médico da Armada José Augusto Novis e de Maria da Glória Leite Novis.
Aluno laureado pela Faculdade Federal de medicina da Bahia, diplomou-se em 1907. Foi o magistério superior a principal ocupação de sua vida, passando por todas as graduações : médico clínico; docente livre de cadeira de Fisiologia; professor substituto da mesma disciplina, conquistando em 1919, após concurso a cátedra da sua especialidade.
Aristides Novis, foi Diretor de Saúde Pública nos governos Seabra e Calmon; Inspetor Sanitário; Inspetor Federal de Ensino; Diretor do Hospital Santa Isabel; Diretor do Sanatório Manoel Vitorino; Diretor do Sanatório Juliano Moreira e Secretario de Educação e Saúde.
Foi ainda Diretor da Faculdade de Medicina Federal da Bahia; presidente da Sociedade Médica dos Hospitais; da Sociedade de Medicina e membro do Conselho Nacional de educação, tendo em 1927 representado o Brasil no congresso de Fisiologia em Córdoba.
Autor de varias obras científicas, espalhada em várias revistas do país, havendo publicado, entre muitos outros, os seguintes trabalhos: “Da concepção neurônica”, “Tese de Documento”, “De pulso arterial e suas variações fisiológicas”, “Tese par docência”, “Aspectos panorâmicos do ensino médico”, “Traços fisiológicos do poder”, “Rotary e Estética” traduzido para todos os idiomas e “Pela saúde e contra a doença”, aula inaugural na Faculdade de Medicina.
O professor Aristides Novis deixou quatro filhos : os doutores Aristides Novis Filho, Aloísio Novis e Jorge Augusto Novis e o engenheiro civil Renato Augusto Novis.
nomeado para o cargo vitalício de Diretor de Saúde no governo Seabra, em conseqüência da aposentadoria de seu antecessor, transformou o cargo em cargo de confiança. Faleceu em 29 de abril de 1953, oito horas após preparar a sua última contribuição à medicina do país, na presidência da banca examinadora do concurso para cátedra de psiquiatria.

A TRAJETÓRIA DE ANÍSIO TEIXEIRA

Anísio Spinola Teixeira nasceu na cidade de Caetité, alto do sertão da Bahia, em 12 de julho de 1900, filho de Deocleciano Pires Teixeira e Ana Spinola Teixeira. Homem de formação liberal republicana, o pai foi médico clínico, comerciante, fazendeiro e chefe político de largo prestígio.
Na infância de Anísio Teixeira a cidade de Caetité era centro comercial de larga importância. Alcançava do sertão baiano a Minas Gerais. Pelo que era, os padres da Companhia de Jesus ali fundaram o Instituto São Luis, no qual estudou o menino Anísio Teixeira. Nele, o reconheceram dotado de inteligência fora do comum. Vários professores o distinguiram, o que continuou sucedendo ao ser transferido para o também Colégio de Jesuítas Antonio Vieira, na cidade do Salvador. Acreditava então que seria padre inaciano. Antes porém, de uma última decisão foi concluir o curso superior na Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro.
Em 1924, quando já diplomado, o recém eleito governador da Bahia Francisco Marques de Góes Calmon o convidou para o cargo de Inspetor Geral da Instrução, o que acentua o quanto se esperava daquele jovem sério, estudioso e de inteligência brilhante, admirado por professores, colegas e amigos.


Inspetor Geral da Instrução do estado da Bahia, Anísio Teixeira lutou o seu primeiro combate de educador ao se tornar o líder de uma reforma que estabeleceu o primeiro sistema educacional baiano, a reforma expressa na Lei 1846. Depois de promulgada, Anísio Teixeira, católico praticante, irmão mariano, viajou para a Europa em companhia do arcebispo Primaz do Brasil, D. Augusto, depois Cardeal da Silva, de quem foi amigo enquanto existiu. Mas a viagem que colocou novos questionamentos para a inteligência de Anísio Teixeira foi ao Estados Unidos em 1928, ano em que cumpriu um curso de pós-graduação, em nível de mestrado em Columbia University, new York. Aí tomou conhecimento das idéias educacionais do filósofo norte-americano John Dewey(foto). Ao voltar para a Bahia, reviu a sua própria reforma, examinando-as nas diretrizes que traçava e nos resultados obtidos. Havia então um novo governador na Bahia, Vital Soares. Era uma continuidade do anterior, em termos do esquema de forças, mas não o mesmo em todas as linhas da administração, uma dessas a de educação. Anísio Teixeira não continuou na Diretoria de Instrução. Era professor da escola Normal da Bahia quando foi convidado para diretor da Instrução Pública do Distrito Federal (1931), um desafio bastante maior que o de Bahia, ainda mais porque havia uma nova situação política e institucional no país, a que resultou da revolução de 1930.


A nova posição deu-lhe responsabilidades de projeção nacional. Diretos da Instrução Pública, pouco depois Secretário da Educação do Distrito Federal, Anísio Teixeira criou um programa de educação pública que ia do pré-escolar ao ensino superior. No Brasil sem Universidades, a surpreendente Universidade do Distrito Federal foi uma referência de inovação que logo incomodou os setores mais conservadores do país. Formou-se uma situação que incluiu ameaças de morte ao educador. Em dezembro de 1935 Anísio Teixeira exonerou-se e voltou para o alto sertão da Bahia, de onde saiu para uma experiência de empresário ao lado do irmão Jaime Teixeira. Ali o encontraram os que não tinham esquecido o Secretário de Educação do Distrito Federal e o convocaram para pensar a Educação do mundo após a 2ª Guerra Mundial.
Era consultor especial da UNESCO, órgão da Organização das Nações Unidas, quando dói convidado pelo recém eleito governador Otávio Mangabeira para ocupar a Secretaria de Educação e Saúde do Estado da Bahia. Aceitou e exerceu em busca de um sistema de educação que fosse democrático, eficiente e aberto a amplas camadas da população. Contribuiu para o projeto do capítulo da Educação na Constituição baiana de 1947. Concebeu uma administração educacional exercida por um Conselho de Educação composto de conselheiros eleitos. Combatida por deputados constituintes que se consideraram “radical”, foi substituída por um capítulo que manteve a fórmula do Conselho de Educação, mas reduziu as suas atribuições à condição normativa. É que ficou na Constituição Estadual de 1947.


É neste período na Bahia que concebeu o ousado sistema de Escolas Classe e Escolas Parque, conjunto harmônico da educação em tempo integral. Conseguiu fazer a primeira Escola Classe com a construção do Centro Educacional Carneiro Ribeiro. A primeira Escola Parque veio a ser construída anos depois, com a sua atuação como diretos do INEP, o mais importante órgão do Ministério da Educação.


Toda uma vida dedicada as educação mostra em Anísio Teixeira um administrador operativo. Exercendo administrações inovadoras, Anísio Teixeira elaborou o pensamento educacional que está nos seus livros: Educação para a democracia, Educação não é privilégio, Educação é um direito, Educação no Brasil, e em centenas de artigos, palestras, conferências e entrevistas em jornais e revistas.
Morreu em circunstâncias trágicas em 1971.

O QUADRO NEGRO

Todos guardam em sua memória da sala de aula a presença significativa do quadro-negro. Considerado uma peça essencial do mobiliário escolar, povoa o imaginário de nossos tempos de escola5. Essas recordações despertam lembranças alegres, mas também situações de medo e de humilhação – não saber resolver as contas de aritmética frente a todos os colegas, o castigo de escrever no quadro várias vezes a mesma frase, as extensas lições e temas de casa que a professora escrevia e que deviam ser copiadas durante grande parte do turno escolar, os avisos copiados para serem levados aos pais.

É no final do século XIX que o uso do quadro-negro instala-se nas escolas e que começa a ocupar um espaço central na sala de aula, período em que paulatinamente consolidam-se os sistemas públicos de instrução elementar e, paralelamente, crescem as exigências de um mínimo de mobiliário e material escolar. A lousa ou ardósia também compunha o material escolar do aluno, sendo o seu único instrumento de trabalho até meados do século XIX, antes da generalização do uso do caderno escolar. É um quadrado de madeira que protege a fina placa de xisto retangular de 20 a 30 cm de comprimento por 15 de largura, muitas vezes quadriculado. Somente depois que os alunos sabiam escrever bem e com caligrafia bonita nas pedras de lousa, é que lhes era permitido começar a escrever com tinta e pena de aço. Para apagar o que tinham escrito na lousa, os alunos tinham um paninho e um vidrinho com água. Cuspir na pedra de lousa para apagar alguma coisa era proibido, mas, mesmo assim, era feito ocultamente com muita freqüência, indicam que a retirada das lousas individuais nas séries iniciais, especialmente nas capitais, se deu pelo crescimento da produção do papel nos anos 1920. A escrita a lápis em papel permitia uma leveza do traço que a de lápis de pedra não podia obter. No interior do estado de São Paulo, no entanto, a lousa individual foi utilizada até os anos de 1940 para as primeiras séries.

Os alunos faziam sobre a ardósia várias atividades antes de as copiarem no caderno - as operações matemáticas, a decomposição de frases, escreverem os resultados do cálculo mental, desenharem. Além de escrever e calcular, a ardósia foi o suporte essencial das interrogações orais do professor.

Ao longo do século XX, o quadro-negro vai assumindo novas texturas, é substituído pelo quadro-verde, mas continua dominando a centralidade do processo de ensino-aprendizagem , para atender às exigências da moderna higiene tem-se procurado fazer a lousa de cor branca com giz preto, quadro marrom, azul celeste e azeitonado.

As pedras ou tábuas de mármores foram inicialmente usadas como superfícies próprias à escrita;
a pedra branca, o carvão e o gesso também foram utilizados para escrever. O ensino mútuo / monitorial inaugura uma arquitetura do espaço escolar, em que mobiliário e material passam a ser dispositivos fundamentais para o sucesso do método.

As vantagens do uso do quadro-negro residiam na possibilidade de o professor utilizar-se desse
dispositivo para o ensino simultâneo das primeiras lições de leitura e de escrita. O quadro-negro para o professor e a lousa para o aluno eram meios pelos quais seria conhecido o alfabeto e seriam desenhadas as letras Além disso, era um excelente meio de ensinar em pouco tempo os alunos a ler e escrever.

À medida que se introduz o método simultâneo, o quadro-negro assume o seu lugar privilegiado
na sala de aula, junto com os quadros murais, os mapas, o abecedário, etc. Com o realismo pedagógico e o método intuitivo, ampliam-se os recursos materiais como auxiliares do processo ensino-aprendizagem.

A professora primária Rosalina Frazão (1884), ao falar sobre o material das escolas brasileiras, denuncia a má qualidade dos quadros-negros, recomendando sua substituição pelas tábuas ardoseadas empregadas nos Estados Unidos, justificando:
“é incalculável o incomodo que dá um quadro-negro de madeiras, a que se adapta uma tinta mal
preparada; o giz fica-lhe tão aderente que é quase impossível trazer o quadro limpo. Torna-se necessário molhar a esponja, o que, longe de concorrer para o asseio do quadro, faz com o giz uma espécie de lama branca que impede completamente o trabalho regular. Ao passo que as tábuas preparadas com ardósia deixam-se limpar facilmente com esponja seca”.

O quadro-negro também é um espaço preferido para brincadeiras nos intervalos escolares, de expressão da contestação dos alunos. Está presente nas famosas fotos de fim-de-ano escolar: o docente sentado na mesa da professora, tendo o quadro-negro ao fundo,alguns livros, a bandeira e o globo terrestre.

Enfim, o dia a dia escolar era transmitido e ainda hoje é através desse recurso de escrita e de disciplina do emprego do tempo e do fazer escolar, da escola infantil à Universidade.
O quadro-negro também está associado à representação da docência. Em fotos, charges, desenhos, pinturas, etc. a figura do professor é costumeiramente retratada diante de um quadro-negro.

O sucessor do quadro-negro, em breve será a lousa digital , uma plataforma sensível ao toque, que funciona como um grande monitor que exibe arquivos de fotos e de vídeos preparados pelo professor e que também pode receber informações escritas diretamente na tela. Além disso, a lousa digital está conectada em rede com o computador dos alunos, para que visualizem a aula nos terminais instalados nas carteiras.

Finalizando, o quadro-negro/verde/digital – do giz à caneta eletrônica - como suporte das experiências cognitivas e estéticas da vida escolar, possibilita reconstruir a memória de uma prática educativa arraigada no cotidiano de todo aluno, na perspectiva de uma história das práticas escolares.

A TRAJETÓRIA DE EDILSON FREIRE

No limiar da segunda grande guerra mundial, nascia Edílson Souto Freire numa acolhedora cidade de clima frio do sudoeste baiano, Maracás, filho de D. Alzira e do Dr. José Anacleto Freire, atuante e respeitado promotor de justiça.
Aos seis anos de idade, doze dos 14 filhos do Dr. Freire e da D. Alzira, ele inclusive, subiram na carroceria de um caminhão em direção a Juazeiro da Bahia, onde seu pai assumiria a Promotoria de Justiça local. Ficou a lembrança da chegada em Juazeiro e da música “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga, tocada num serviço de alto-falante existente numa das principais praças de lá.
Aos 11 anos, ao perder por um infarto fulminante o seu querido pai, mudou-se com sua mãe e oito irmãos para Salvador, continuando os estudos na Escola Getúlio Vargas e no ICEIA, fixando residência no São José de Cima e, posteriormente, no bairro de Santo Antonio além do Carmo, em cuja Rua dos Perdões veio, dois anos após, sua mãe a falecer.
Aos 16 anos, ingressava no colégio da Bahia, o querido Central, para cursar o ensino médio e, no Banco do Comércio e Indústria de Minas Gerais, para exercer o cargo de escriturário e o seu primeiro emprego, onde atuou por três anos.
Após um ano de desempenho no Baneb, assumiu por concurso funções no Banco do Brasil, inicialmente na agencia de Itajuipe, no sul do estado e, posteriormente, na de Feira de Santana e na agencia centro de salvador, época em que foi aprovado no vestibular de administração de empresas da UFBA.


Ao receber o diploma de administrador, em julho de 1971, assumiu uma das Assessorias do Secretário da Fazenda, ficando também responsável pela coordenação do programa de treinamento dos auditores fiscais do estado.
Nessa época, foi selecionado pela USAID e pela SUDENE para participar do programa de pós-graduação em Administração para o Desenvolvimento na Universidade de Connecticut, Estados Unidos, tendo lá permanecido até agosto de 1972.
De volta ao Brasil, assumiu a gerência financeira do CEPED – Centro de Pesquisas e Desenvolvimento. Nessa época, começou a desempenhar a função de Professor Universitário, se responsabilizando por disciplinas na Escola de Administração de Empresas na UCSAL e na Escola de Administração da UFBA, em cujos cursos até hoje atua.
Em 27 de setembro de 1974, casou-se com Letícia Maria, filha de Orlando e Laudelina Ribeiro, após rápidos 10 anos de namoro. Dessa união, nasceram Vinicius, em 1976 e Rafaela Conceição, em 1980.
Como gerente Administrativo-Financeiro da CONDER, liderou o projeto de resgate da Colina de São Lázaro, com a recuperação do lazareto e a construção da nova sede.
Por três meses, exerceu o cargo de Superintendente Municipal de Transportes Coletivos, quando recebeu convite para integrar o quadro de técnicos do Desembanco, atual Desenbahia, onde ocupou os cargos de chefe do setor de orçamento, chefe do departamento de planejamento, gerente de credito rural e agroindústria e membro titular do seu Conselho de Administração.
Também nessa época, foi eleito Diretor da Escola de Administração e, um ano após, Pró-reitor Acadêmico da UCSAL, quando implantou os cursos de propaganda e publicidade, informática e fisioterapia.


Renunciou ao cargo no inicio de 1991 para, assumir a Secretaria Estadual da Administração. Em seguida, e a convite do Governador, assumiu o maior desafio profissional de sua vida, que foi o de ocupar o cargo de Secretário de Educação do Estado, haja vista a sua experiência como administrador e, principalmente, como educador.
A partir de março de 1999, à frente da Diretoria Administrativa da EMBASA, contribuiu para a recuperação, ampliação e modernização de unidades administrativas e operacionais, bem como para a instalação da UCE – Universidade Corporativa Embasa.
Numa preocupação com a sua formação e aprimoramento acadêmicos, concluiu pela UFBA e iniciou, em janeiro de 2001, o Doutorado em Administração Pública pela UNIFACS / UNIVERSIDADE COMPLUTENSE de Madrid, estando prevista a defesa de tese em 2004. Ainda no ambiente da educação superior, assumiu a condição de professor de Administração Financeira e Orçamentária na Faculdade Jorge Amado, em agosto de 2002.
Ao retornar ao poder executivo estadual no início de 2003, o Governador decidiu pela criação da Ouvidoria Geral do Estado, com a finalidade de receber, encaminhar e acompanhar as denúncias, reclamações e sugestões dos cidadãos relativas à prestação de serviços públicos em geral, tendo assumido em fevereiro, a seu convite, o honroso e desafiante cargo de Ouvidor Geral do Estado, bem como o de membro titular dos Conselhos de Administração da Bahia Pesca S/A. e da EBAL – Empresa Baiana de Alimentos S/A., gestora do programa cesta do povo.
Edílson, ao completar 60 anos neste 10 de dezembro, cumpriu com ética, probidade, competência e responsabilidade os compromissos assumidos com seus familiares e com os incontáveis amigos que conquistou ao longo de sua vida.

A TRAJETÓRIA DE EDIVALDO BOAVENTURA

Escritor, educador, historiador da educação e advogado. Edivaldo Machado Boaventura nasceu no dia 10 de dezembro de 1933 na cidade de Feira de Santana. Seus primeiros estudos foram no Colégio Santíssimo Sacramento e na Escola Professora Helena Assis. Só aos 12 anos veio para Salvador e fez o curso de admissão no Colégio Antonio Vieira, onde cursou o ginásio e colégio. Tem uma típica formação nas ciências humanas, iniciada pelos estudos de Direitos, Bacharel em 1959, doutor e Docente Livre em 1964, complementada com o Bacharelado em Ciências Sociais em 1969. Ingressou nas lides educacionais como Assessor de Planejamento da Universidade Federal da Bahia, estagiando, posteriormente, no Instituto Internacional de Planejamento da Educação (UNESCO). Mestre em 1980 e Ph.D em 1981 em administração da educação pela The Pennsylvania State University. Quando ainda estudante escreveu para a revista Ângulos e jornais estudantis. Ingressou no magistério superior e como articulista do Jornal da Bahia, em 1960.
Iniciou a vida de profissional não apenas como professor, mas também como Técnico em Desenvolvimento Econômico as SUDENE, dirigindo o escritório regional da Bahia no período de 1963 a 1970.
De 1968 a 1970 implantou a Assessoria de Planejamento da UFBA e participou ativamente da reforma universitária, instalando a secretaria geral de cursos. Em 1968, foi nomeado para o Conselho de Educação da Bahia de 1970 a 1971, ocupou pela primeira vez o cargo de Secretário de Educação e Cultura da Bahia, no Governo de Luís Viana Filho, quando iniciou a construção das escolas polivalentes, criou o Parque Histórico Castro Alves, dentre outras realizações. Foi eleito para a academia de Letras da Bahia, em 1971. Pela segunda vez foi Secretário de Educação e Cultura da Bahia de 1983 a 1987, no governo João Durval, quando reestruturou o órgão estadual de educação. Dentre muitas outras realizações, editou o Plano Estadual de Educação e Cultura da Bahia – 1984-1987 – implantou a TVE e criou a Universidade do estado da Bahia (UNEB). Impulsionou a educação superior estadual com o reconhecimento da Universidade Estadual de Feira de Santana e a consolidação da Universidade Estadual do sudoeste da Bahia. Construiu cerca de 3000 e recuperou mais de 12 mil salas de aula. Trabalhou conjuntamente com as prefeituras em vários programas de alfabetização e educação rural. Criou uma estrutura de educação continuada de adultos, enfatizando, ainda, a educação comunitária nas periferias urbanas.
Além de professor titular da UFBA, Edivaldo é o primeiro reitor da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). E detentor, dentre outras, das seguintes condecorações:
● Grande Oficial da Ordem do Mérito da Bahia, por promoção de Comendador desde 1971;
● Donato di Devozione de Seconda Classe da Ordem de Malta;
● Oficial da Ordem de Palmas Acadêmicas;
● Cruz de Malta;
● Maria Quitéria;
● Mérito Cultural Castro Alves;
● Mérito Educacional Barão de Macaúbas;
● Medalha da Patriarca;
● Alem do colar da Academia de Letras da Bahia;
● Título de cidadão de salvador, na Câmara Municipal, 26 de maio de 1988.

A TRAJETÓRIA DE DORIVAL PASSOS


Dorival Guimarães Passos nasceu em Santo Amaro da Purificação (Ba), em 07 de dezembro de 1904. Casou-se com Ana de Sena Franco Passos, teve dois filhos e foi avô de nove netos. Formou-se em Direito precisamente no dia 07 de dezembro de 1932, pela então Universidade da Bahia. O criminalista foi um dos fundadores da faculdade de Direito da universidade Católica do Salvador onde ensinou Direito Penal, na condição de professor - titular.
O advogado criminalista Dorival Passos foi secretário do interior, da Justiça e da Educação, atuou junto a sindicatos baianos desempenhando uma intensa atividade no sindicato dos bancários e dos empregados da estiva, no movimento político destacou-se pela participação na criação do Partido Trabalhista Baiano, participou das campanhas políticas de Lauro de Freitas, Regis Pacheco e Pedro Calmon e do movimento nacional pelo retorno de Getúlio Vargas. Também ajudou os primeiros passos da Justiça do Trabalho no estado, foi vice-presidente do Sindicato dos advogados e como criminalista trabalhou com Edgar Mata, Evandro Lins e Sobral Pinto. Além disso, teve sua vida ligada aos esportes, pois fundou a Associação Desportiva Guarani e por várias vezes foi dirigente da Federação Baiana de Futebol.
Dorival Passos presidiu o Conselho Penitenciário e enquanto criminalista salientou que o Código Penal Brasileiro vigente na época preocupava-se mais com “o beneficio do delinqüente e isto podia redundar o surgimento da vingança privada”, todavia argumentou que não se devia confundir o homem que comete o delito acidentalmente com aquele que já segue na escalada do crime, pois segundo o professor Dorival Passos o tratamento tinha que ser diverso.
O professor Dorival Passos foi um homem de visão, preocupou-se com fatores sociais, e atribuía ao fator econômico uma das causas de violência urbana que ele considerava um problema muito complexo, também relacionou outro item não menos importante: a degradação da família. Para ele era preciso dar atenção à criança para evitar que os menores seguissem o caminho da marginalidade, e defendia a repressão sem violência, “respeitada a condição humana do preso”, ressaltava a validade do surgimento de creches e lembrava a necessidade das pessoas se conscientizarem de que “a responsabilidade pelo erro do menor vem do maior”.
Foi um homem critico e salientou que o poder Judiciário enfrentava problemas de fundo econômico, pois na visão do criminalista “o juiz tem necessidade de ganhar bem porque ele precisa estudar e trabalhar para distribuição de uma justiça perfeita ou próxima da perfeição”. E isto requer tranqüilidade econômica. Também criticou o sistema de sua época de professor referente ao número excessivo de alunos, enfatizando que o número menor de alunos tornava mais fácil a aproximação entre o professor e o estudante na sala de aula contribuindo para um rendimento mais satisfatório.
Vale ressaltar, que o Professor Dorival Passos preocupou-se com o Sistema Educacional, pois evidenciava que os problemas vividos pelas instituições educacionais são resultados das dificuldades geradas pela “crise econômica que sempre atingiu o país em todos os setores”. Ele achava que os professores tinham o interesse em ensinar e os alunos em aprender, existindo porém a escassez de recursos impedindo a melhoria e o aperfeiçoamento do ensino.
O professor e criminalista Dorival Guimarães Passos dedicou-se ao ensino e a defesa do primado do Direito durante meio século. Ao completar 80 anos afirmou-se “Valeu a pena viver todos esses anos porque trabalhei, lutei, tirei muita gente da agonia do desespero embora à profissão não servisse para me enriquecer”.